Eu, que sinto o espanto das coisas conhecidas
Por em nenhuma delas me reconhecer
Eu, que tenho um furacão a rugir dentro do peito
E uma bomba bem no centro do coração,
E que ouço o tic-tac do mecanismo,
E que espero o tic-tac da explosão.
Eu, que lava ardente correndo nas veias,
E o corpo marcado, queimado da erupção,
Eu, que lutei, esperneei e esbofeteei,
Para ser mais que este horizonte pequeno e mesquinho,
que a vida , a nascida, me predestinava.
Eu, que pelejei em tantas batalhas,
E mesmo caida
Em nenhuma me senti vencida,
E levantando-me, segui em frente,
Carpindo dores,
Lambendo feridas,
E segui caminho contra a corrente,
A corrente continua e igual da vida.
Eu, que percorri todos os lugares do mundo,
E em nenhum encontrei abrigo,
E a nenhum chamo,
O meu lugar.
Continuo caminhando ouvindo o tic-tac do mecanismo,
Da bomba que bate bem no centro do meu coração,
E caminho e espero......
A cada passo,
A cada tic-tac,
O tic-tac da explosão.
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