segunda-feira, 23 de março de 2009

corre
pelas ruínas de si
o corpo
ao relento da vida
dentro do corpo
lugares desconhecidos
estações ermas
onde deixou recados
e inventou
imóveis paisagens
que nenhum tempo
pode esgotar
escreveu memórias
enviou cartas
que ainda hoje
cruzam altíssimos céus
singulares oceanos
remotas geografias

sem que um nome
se levante
uma saudade
se acenda
ou uma resposta
se construa
mas corre
corre ainda
pelas ruínas
de si
o olhar
senhor dos horizontes
romeiro
das santas cidades
domador
das bestas ferozes
que nos ombros severos
sustentam a cúpula
dos sonhos
letais

e canta
melancólicos versos
que nas ruínas de si
ressoam
como o recitar das baleias
nos telhados febris
de uma casa
que guardasse a loucura


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