sexta-feira, 27 de março de 2009

Mãos,doces
mãos,
boas
para o amor,
Para
a espantosa descoberta
da carne,
mãos trémulas,
infiltrando-se
pelas humidas fendas
do corpo,
até
tocarem
o fruto supremo
e
romperem
o frágil casulo
da alegria

Mãos
cálidas,como
o fogo,
prontas
a acalmar as feridas,
a
limpar
as tuas lágrimas,
a afagar-te
os cabelos machucados
pela vida,
mãos
disponiveis
para
a fraternidade


Mãos coléricas
iradas,
capazes
de fazer justiça
de vingar
o insulto,
de derrotar
a opressão,
restituindo
o fantástico brilho
da água
aos olhos
dos homens
Mãos a um tempo
ásperas e
sedosas,
como múcua,
tecendo,
nas noites sem lua,
a musica obsessiva,
cruel e apaziguante
dos tambores






Mãos aptas
para ensinar
as palavras,
as coisas,
mãos
pacientes
para mostrar
os caminhos emaranhados
da ciência,
para
iluminar
os mistérios indecifráveis
do tempo

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