segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009


Há uma mulher que desenrola os seus cabelos nas silabas
e perfuma-as com o odor da sua lenta vulva.
Ela tanto pode ser uma fêmea da lua como uma rapariga solar
Nas suas ancas ondula um indolente outono e
nos seus seios desponta a primavera
Eu vejo-a e não a vejo na brancura da página
porque ela flutua vagamente na distância
como uma lua no meio-dia.
Mares,bosques,clareiras,
fontes em delicadas e delgadas linhas,
fluem com o folgor dessa mulher azul.
As palavras caminham com o ritmo fresco
dos seus pés descalços
sobre uma praia fulva de conchinhas brancas.
O seu hálito doce embriaga as leves silabas
e a doçura do seu lábio impregna as frases nuas.
Ela é a presença ausente
corpo de aragem viva
e a sua felicidade é tão vaga
como vaga a sua longinqua imagem

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