sábado, 4 de abril de 2009

Abraçar
Nenhum sonho custa tanto a abandonar
como o sonho de ter uma alma gémea,
nem que seja noutro canto do mundo,
uma alma tão perto da nossa como a vida. (...)
As duas almas gémeas quase nunca se encontram,
mas, quando se encontram, abraçam-se.
Naqueles momentos em que alguém diz alguma coisa,
que nunca ouvimos,
mas que reconhecemos não sei de onde.
E em que mergulhamos sem querer,
como se estivessemos a visitar uma verdade
que desconfiávamos existir,
de onde desconfiamos ter vindo,
mas aonde nunca tínhamos conseguido voltar. (...)
Quando duas almas gémeas se abraçam,
sente-se o alívio imenso de não ter de viver.
Não há necessidade, nem desejo,
nem pensamento.
A sensação é de sermos uma alma no ar
que reencontrou a sua casa,
que voltou finalmente ao seu lugar,
como se o outro corpo fosse o nosso
que perdêramos desde a nascença. (...)»

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