sábado, 4 de abril de 2009

Hoje também eu existo.
Sou um fumador de cigarros,
um que bebe mais café do que seria sensato,
que olha para a paisagem
como se não estivesse aqui
mas um pouco mais longe,
num lugar desconhecido,
um para quem o amor
permanecerá a palavra indecifrável.
Debaixo da sombra escura do cipestre
sou um animal de camisa aos quadrados,
um que esqueceu que só uma esperança
nos permite renascer,
que aceita relutantemente receber em si
a vida que passa,
que esqueceu a promessa que ela encerra
e que,
como tal, deve ser cumprida.
Antes de saber é preciso acreditar.
Hoje não tenho forças para tanto.
Assim, também eu hoje existo,
e os que me olham ferem-me
julgando ver o que quer que seja.
Um indivíduo parado debaixo da sombra de um cipestre,
um cigarro apagado na mão,
na expectativa de algo que não chega nunca.

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